segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Cadê papai, Noel?




Nas ruas você sempre encontrara crianças fazendo essa pergunta: cadê papai, Noel?
No natal não seria diferente, não por acreditar ou desacreditar dessa pessoa que é Noel, mas por não acreditar no nome papai.
Uma criança certo dia parou na praça e ficou a se perguntar existe mesmo um papai, Noel?
Se ele existe por que não me aceitou igual a todas as crianças que ele tem?
Nem ao mesmo sei quem é papai, Noel. Será esse o meu destino nessa vida ser abandonado nas ruas sem conhecer uma família, sem ter uma casa para morar uma mãe para beijar e ouvir contar historia a noite, e papai será que um dia vou poder conhecer para saber se ele é gordo, se tem barba grande e branca, se anda por ai numa carroça ou trenó e será que ele tem cavalos ou renas?
Não sei ao certo como é papai, Noel, mas posso dizer pelo que ele fez por mim o que ele deve ser.
Ele deve ser uma pessoa que também foi abandonado pelos pais e que por não conseguir encontrar o seu papai ele quis fazer o mesmo comigo.
Muitos têm seu pai ao seu lado, mas não sabem se são mesmos seus pais ou se são apenas alguém que o colocou nesse mundo para sofrer sem carinho, amor e felicidade.
Não quero presentes nesse natal talvez seja por não ter uma chaminé para o seu Noel descer, ou meias para ele colocar os brinquedos, na verdade não tenho nem casa como posso mandar uma carta para Noel se nem tenho endereço?
Minha carta será apenas mais uma perdida entre milhões de cartas de crianças que moram nas ruas comigo.
Talvez o “bom velhinho” passe por cima de mim e nem me note com tanta sujeira ao meu redor.
Como posso chamar de “bom velhinho” alguém que nunca me fez o bem?
É confuso acreditar que somente no natal somos ouvidos ou notados nessa grande cidade entre lixo e bichos.
Papai, Noel esta fazendo de tudo para me dar o presente mais difícil do mundo seja legal com ele e também me ajude a encontrar esse presente.
Não quero nada que possa ser comprado, emprestado, devolvido, roubado ou encaixado meu presente é somente uma pessoa que poderia olhar para mim e me reconhecer pela face sofrida, pela pele suja da vida na rua, pelo corpo surrado pelo tempo, pelas lutas travadas contra a morte. Não sou de pedir muito por que também não tenho nada.
Senhor Noel termino por aqui essa carta com uma pergunta que não sei se poderá me responder ou me trazer esse presente, mas cadê papai, Noel?

Noel cadê meu papai, cadê papai, Noel?

Não sei se poderá me ajudar a encontrar esse presente que hoje em dia é o mais valioso do mundo, pois muitos no natal são Noel, mas nenhum é um Papai de verdade.

Autor: Elvis poeta de rua / Elvis da silva salgueiro

Dedicado às crianças de ruas que não sabem quem é seu Pai e nem quem é Papai, Noel.

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